Viagem ao Japão com o Ministério das Relações Exteriores e Consulado Brasil-Japão

Viagem ao Japão com o Ministério das Relações Exteriores e Consulado Brasil-Japão

Oi pessoal, tudo bem? Nesse post vou contar como foi minha experiência no Japão, viagem que fiz pelo Consulado Brasil-Japão com intuito de divulgar o Japão para o Brasil e comunidades nikkeis!

Objetivo do Programa

Com o objetivo de aumentar a compreensão sobre a realidade do Japão e as políticas do país, o governo japonês ofereceu, através do Consulado Geral do Japão, um programa de convite a descendentes de japoneses que possam divulgar suas impressões acerca do Japão em suas comunidades.

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Duração da Viagem:

13 a 22 de janeiro de 2017

Como foi a experiência

Primeiramente, foi uma honra ter participado dessa viagem maravilhosa, em que aprendi muito tanto culturalmente quanto intelectualmente. Minha família e meus antepassados com certeza ficaram orgulhosos de mim por esta oportunidade. Tenho orgulho de ser descendente de japonês e tenho gratidão por esta viagem ter acontecido, e o maior prazer de divulgar uma nação tão bonita, honrada e respeitada. Foi uma honra ter participado, conhecer melhor a cultura japonesa, nossa história e sociedade.

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Participantes

Comigo estavam mais 9 latino americanos, todos feras jornalistas e comunicadores de diversos países: Roberto Kim da Bolivia, Eloy Shinagawa do México, Guillermo Tomoyose do jornal La Nacion da Argentina, Helena Senda, videomaker do Uruguai, Natsumi Salazar do Peru, Jose Joaquin Vidal Suzuki, do jornal Mercúrio do Chile e do Brasil, Cassio  Aoqui, Erika Yamauti e Rita Yoshimine da TV Globo de Brasilia.

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O diplomata e responsável pelo programa, Masahiro Tsujiura, organizou perfeitamente e pontualmente a programação.

Atividades

Primeiro dia:

-Palestra com Kimura sobre Comunidade Nikkei na América Latina: O Brasil é o país que possui mais Nikkeis na América Latina, totalizando 1,9 milhões. No Paraná, tem 200 mil descendentes. Em segundo lugar vem o Peru, com 100 mil nikkes, em seguida a Argentina com 65 mil, na sequencia, o México com 20 mil e a Bolívia com 14 mil descendentes. No total, tem 2,1 milhões na América Latina e 3,5 milhões no mundo, dados de Setembro de 2015.

– Palestra com Sr Jinbo sobre Segurança Nacional na Ásia.

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-Discussão na Sophia University, com alunos do curso de Português e Espanhol. Conversamos com alunos e professores do curso sobre as impressões deles sobre o Brasil e falamos um pouco sobre nossa cultura e os interesses deles pelos países latino-americanos. Foi bem interessante ver japoneses interessados na língua portuguesa, conhecer alunos que já estiveram no Brasil.

Segundo dia

– Palestra sobre short films com Mr. Tono – Assistimos alguns filmes curtos produzidos no Japão. Primeiro assistimos um filme sobre Shabu Shabu, um tradicional prato japonês, super bem produzido relacionado com a cultura familiar dos japoneses:

Depois assistimos um filme emocionante sobre dois irmãos que foram separados em um tsunami. Vale a pena assistir, choramos demais!

E um filme sobre futebol, que foi gravado no Japão e dirigido por uma brasileira.

Foi muito legal ver a produção, direção e atuação dos produtores japoneses. Muitos detalhes sobre a cultura, honra e história do Japão.

– Museu da migração japonesa: Fomos até a cidade de Yokohama, aproximadamente 30 minutos de Tokyo onde conhecemos um pouco da historia da migração japonesa. Muito interessante ver como eram as bagagens naquela época, o que levavam, como foram, por que migraram, quais foram suas motivações, do que trabalharam. Um museu muito bem ilustrado, com objetos, imagens, depoimentos dos que saíram do Japão. Um museu que me fez refletir sobre meus avós, seus sonhos de ter uma vida melhor, o que sentiram naquela época. Emocionante!

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Terceiro dia

– Conhecer a Família Imperial, o Príncipe e a Princesa. Sem palavras para descrever tamanha gratidão e honra por este momento. Deixo aqui as palavras da minha colega, Rita Yoshimine, de Brasilia.

“Embora já soubéssemos, com certa antecedência, o sentimento entre nós era um misto de ansiedade e incredulidade. “Isso é uma grande honra”, disse a guia. Afinal, ela, uma nativa, nunca tinha tido a oportunidade de estar perto da família imperial. À medida que o local se aproximava, ouvimos o quanto o casal é querido no Japão. Ele é o segundo na linha sucessória, já que o irmão mais velho, o próximo a assumir o trono, não teve filho homem. Ela é muito amada, dizem, uma espécie de Lady Di japonesa. O príncipe e a plebéia se apaixonaram na faculdade. “Que sorriso!”, exclama a guia. Essa princesa assumiu o papel da princesa principal, mulher do filho mais velho do clã, que quase não aparece em público. Depressão, pelo que entendi.  A van estaciona na casa imperial. O protocolo é seguido à risca. Procedimentos de segurança, ensaio com o cerimonial, expectativa. Eles entram, todos se curvam. Príncipe Akishino e princesa Kiko estão entre nós. Fila por ordem de idade, somos cumprimentados com uma leve inclinada do corpo pra frente e um aperto de mão. Nunca se estende a mão para eles, a não ser que tomem a iniciativa. Parece besteira, mas o chefe do cerimonial, que trabalha com eles há 5 meses, ainda não apertou a mão do príncipe. Bate papo em pé, regado a água, suco, morangos frescos e doces japoneses. Príncipe Akishino fala sobre os lugares que já visitou no Brasil, como o Pantanal. A princesa Kiko elogia a música e a dança, fala que os japoneses não têm muito jeito. Balança o corpo de modo meio desajeitado. E sorri. A guia tinha razão… Talvez eles visitem o Brasil no ano que vem, aniversário de 110 anos da imigração japonesa. Foto oficial (estamos proibidos de postar; celulares ficaram do lado de fora…), breves discursos (um amigo falou em nome do grupo), agradecimentos. O casal nos acompanha até a porta – não sei se isso estava no script – e nos cumprimenta, um a um. A princesa Kiko abraça minha amiga peruana, que estava com frio, e a leva até o carro. Tá explicada a popularidade. Foi a oportunidade que as guias e os motoristas das vans tiveram para ver a princesa de perto. “Estou tremendo até agora”, me disse uma delas depois. Isso tudo porque os japoneses respeitam muito a hierarquia e, por isso, a família imperial. Lembro que meu amado avô tinha uma foto do imperador pendurada na parede, na chácara no Brasil. Penso que ele teria ficado muito orgulhoso se ainda estivesse vivo. Suspiros. Dia pra ficar na memória.”

-Meditando em um Templo Budista – aula de meditação com um verdadeiro monge em um templo budista, além de ter que meditar de forma correta ele andava atrás da gente com um pedaço de madeira em que ele bateria no nosso ombro se alguém dormisse rs. Experiência incrível que só acontece no Japão.

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templo budista

– Palestra sobre Diplomacia Pública – como o MOFA está divulgando o Japão nas redes sociais, como atrair mais turistas para o Japão, Olimpíadas de 202o, quais são as dificuldades para os turistas virem ao Japão (visto? Caro? Língua?)

-NHK – Conhecemos a maior emissora pública do Japão, a Nippon Hōsō Kyōkai (Corporação de Radiodifusão Japonesa). “Nós somos uma TV pública, não uma TV do governo”, disse, com orgulho, um dos dirigentes da empresa. A NKH não tem anunciantes nem recebe dinheiro do governo em si. Ela sobrevive da taxa que os cidadãos que têm receptor de TV pagam, cerca de US$ 10,00 por mês. Está na lei, o pagamento é obrigatório, mas não há punição definida pra quem não paga. A expectativa é que, em 2017, 80% dos que têm o receptor paguem a taxa. A TV começou a operar em 1925. Tem canais para os públicos interno e externo – nesse caso, em japonês e inglês.  O Japão, como no Brasil, tem TV digital (HD), mas está fazendo transmissões em 4K (de maior definição) em algumas províncias, de forma experimental. A TV Globo e a NHK são parceiras. Elas gravaram juntas o carnaval de 2016 em 8K (super alta definição) e fizeram a transmissão experimental das Olimpíadas do Rio de Janeiro. A expectativa da TV japonesa é transmitir muitos eventos das Olimpíadas de Tóquio, em 2020, em 8K. Para efeito de comparação: meu colega da Bolívia disse que no país dele apenas os canais a cabo, mais caros,  são transmitidos em HD. Os de full HD são poucos. Os canais de TV aberta ainda são analógicos, do sistema dos anos 90. E uma curiosidade: por questões culturais, os repórteres da NHK não usam canopla, aquela parte do microfone em que aparece a logomarca da empresa. No site da NHK, há um curso gratuito de japonês para brasileiros: https://www.nhk.or.jp/lesson/portuguese/

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Quarto dia

-Tsukiji Fish Market – o maior mercado de peixes do mundo. Compradores de diversos restaurantes chegam as 5 da manhã para participar do leilão de peixes, que vem de várias partes do mundo. Um atum de 60kg chega a custar em torno de 5000 reais! O leilão é aberto aos turistas para os primeiros que chegarem na fila. Tem gente que chega as 2 da manhã para conseguir assistir. Super tradicional!

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– Encontro com Kotaro Nogami, casa do Primeiro Ministro. Mais um encontro para ficar na memória. No dia do meu aniversário, tivemos a honra de nos apresentar para o secretário do Primeiro Ministro, em sua casa oficial. Foi um encontro rápido, de apresentações e impressões sobre o Japão e depois, foto oficial na escada!

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– Mesa Redonda com Parlamentares da União que apoiam os Nikkeis na América Latina – Conhecemos vários deputados e discutimos sobre as relações entre o Japão e a América Latina.

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-Encontro com os oficiais do Mofa responsáveis por cada país. Conversamos com os brasileiros/japoneses que trabalham no MOFA sobre diversos assuntos, desde o programa, Japão, Brasil, nikkeis, entre outros. Cada nikkei conversou com o representante de seu país.

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– Recepção/Jantar com Sr Takase, diretor geral da America Latina e Caribe no MOFA. Tivemos uma recepção com brindes com todos os envolvidos no programa, palestrantes, alunos e professores da Sophia University e trocamos ideias com os participantes.

Quinto dia

Pegamos o trem bala para Nagoya e de lá uma van para Mie, onde fomos na Prefeitura de Mie. Apresentaram números e curiosidades sobre a cidade, como por exemplo, as mergulhadoras das pérolas, os ninjas, a comida típica, que é a lagosta e uma carne famosa. Nos falaram também sobre Ise, e o famoso templo xintoista Ise Jingu.

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Sexto dia

-Santuário de Ise, um dos mais importantes templos xintoístas do Japão. Possui mais de 125 templos e é do tamanho de Paris. Ao passar pelo portal, se faz uma reverência e ao chegar no altar, faz duas reverências, duas palmas e uma reverência mais profunda realizando orações para prosperidade da família imperial e pela paz mundial. Possui um rio onde lavamos a mão para purificar o corpo e a mente. É dedicado a Amaterasu Omikami, deusa do sol e antepassada da família real. O ultimo G7 summit aconteceu aqui. O santuário é reconstruído a cada 20 anos. O estilo arquitetônico de Ise Jingu é único e não pode ser utilizado em nenhum outro santuário. São construídos em madeira. A Ponte Uji possui 100 metros sobre o rio Isuzu e é a entrada para o Naiku e representa a passagem do mundo profano para o mundo sagrado.

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-Fábrica da Ajinomoto, fundada em 1909, cujo nome, de origem japonesa, significa “essência do sabor”. A companhia é líder mundial na produção de aminoácidos no mundo todo e, atualmente, sua matriz está localizada no Japão. O Grupo Ajinomoto está presente em 26 países, com 128 fábricas, e gera cerca de 31 mil empregos.

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LEIA TAMBÉM

Processo Seletivo

1. Requisitos
(1) Ser descendente de japoneses;

(2) Ter um nível de conhecimento de língua inglesa suficiente para discussões e trocas de ideias (todas as atividades oficiais relacionadas ao programa no Japão serão realizadas em inglês);

(3) Comprometer-se a organizar e realizar de maneira independente divulgações sobre o programa dentro de um prazo de 3 meses após o retorno ao Brasil.

2. Documentos necessários
(1) Curriculum Vitae em Word contendo

(2) Redação em português ou japonês em Word com cerca de 2 páginas formato A4

(3) Carta de comprometimento de divulgação sobre o Japão após o retorno.

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4. Processo Seletivo
(1) Avaliação interna de documentos pelo Consulado Geral do Japão

(2) Entrevista presencial com os candidatos selecionados na avaliação interna em data ainda a ser definida

(3) Indicação dos candidatos selecionados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão (MOFA);

(4) Escolha final dos candidatos indicados pelas Representações Diplomáticas das Américas Central e do Sul pelo MOFA.

5. Detalhes do Programa
(1) Período de estadia no Japão: de 13 a 22 de janeiro de 2017

(2) Número total de participantes: 10

(3) Despesas: o governo japonês arcará com as despesas relacionadas ao programa e suas atividades, como: passagem de ida e volta em classe econômica, hospedagem, refeições, transporte interno no Japão e seguro. Despesas decorrentes a visitas extras fora do programa, aquisição de presentes e lembranças, comunicação particular, lavanderia, etc. deverão ser arcadas pelo próprio participante.

(4) Programação principal (sujeita a alterações):

Encontro com Diretores do MOFA e explicações sobre estratégias políticas;
Debates;
Palestras de especialistas de outras áreas;
Encontros com autoridades japonesas;
Possibilidade de conhecer a cultura japonesa em localidades próximas a Tóquio.

6. Acompanhamento após o retorno
O convidado deverá apresentar um relatório ao Consulado Geral após o retorno e realizar apresentações, conforme especificado no item 1 em “Requisitos”. Ainda, divulgar efetivamente o Japão em mídias sociais e também contribuir para o “Latin America Nikkei Network” gerido pelo Setor de Assuntos para a América Central e do Sul do MOFA.

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Bom pessoal, essa foi minha programação da viagem que eu fiz ao Japão em Janeiro de 2017.

Gostaria de agradecer a todos os envolvidos, MOFA, Consulados, guias, organizadores pela perfeição da viagem, programação, pontualidade, hotéis e restaurantes selecionados, receptividade, enfim, pode parecer repetitivo mas me sinto extremamente honrada e agradecida por esta oportunidade de divulgar o Japão!

Faço isso com o maior prazer e orgulho por ter sido escolhida e selecionada para representar Curitiba e os nikkeis do Brasil.

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SOBRE MIM

Priscila Kamoi é formada em Administração e Marketing pela Baldwin Wallace University. Trabalhou durante 7 anos no mundo corporativo e após câncer, largou a carreira corporativa para ter uma vida com mais propósito, liberdade e felicidade. Viu o blog como uma forma de unir tudo o que ama: viajar, ler, escrever, fotografar, moda, comer, culturas e pessoas. Já teve seu olhar por 25 países até agora e possui mais de 60 roteiros de viagens.Viajante, empreendedora e nômade digital por opção SAIBA MAIS

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