Uma breve discussão sobre vir de “família pobre ou rica”

Uma breve discussão sobre vir de “família pobre ou rica”

Domingo passado foi publicado no site Catraca Livre uma reportagem sobre minha história. Apesar de milhares de pessoas curtirem, compartilharem e comentarem coisas legais, tiveram algumas pessoas escrevendo “como é bom ser rica”, “é facil fazer isso sendo rica”

“Se eu fosse rica também faria o msm…fácil mostrar uma história assim de quem pode bancar essa vida de viajante e nem é mochileira, queria ver mostrar alguém q teve o msm destino não sendo rico…”

“Se alguém pagar as viagens e alimentação eu também faço isso fácil! E nem preciso de luxo!”

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Tá na chuva é pra se molhar. É o preço que se paga por se expor. Mas, o “se, se, se…” É fácil falar que faria isso ou aquilo, se tivesse isso ou aquilo né?

Não, não foi fácil.

Não vou aprofundar no fato das pessoas comentarem sobre a vida de uma pessoa que não conhece ou não leu. E o fato delas julgarem uma pessoa sem saberem da sua história. 

Eu estudei fora, mas não porque sou rica. Mas o fato de eu ter a oportunidade de estudar fora, desmerece eu ter entrado em dois Programas Trainees (que são extremamente concorridos) e sair como Analista Sênior de uma multinacional? Desmerece eu ter sido promovida? Desmerece o fato de hoje ter um negocio que criei? Em suma, o fato de eu vir de uma família com condições melhores desmerece minhas conquistas? 

Esse sentimento de “culpa” de ser rico vem da cultura, religião e desigualdade do Brasil.  É “feio” e arrogante falar que é bem sucedido, rico e ganha bem num país desigual como esse. O brasileiro aplaude mais o cara pobre que virou rico – o que não julgo, antes que me julguem.

Em outros países, onde predominam o Luteranismo, até mesmo os judeus, árabes e americanos, eles tem orgulho de falar que são ricos – o que também não acho errado.

Comecei a repensar e lembrar de tudo que eu almejava e escrevia como metas:

Eu lembro que quando eu estava na escola, eu sempre quis ser reconhecida pelo meu esforço e dedicação nos estudos e eu consegui entrar em uma faculdade fora do Brasil.

Quando comecei a faculdade, eu queria estagiar numa multinacional  e com 18 anos eu consegui (mas para isso fiz várias entrevistas, recebi muitos nãos, deixei currículos andando em todas as agencias da rua pedindo emprego)

Eu lembro que no segundo ano de faculdade eu queria muito ser trainee no último ano e eu consegui (mas para isso viajei para SP, RJ, BH fazendo todas as etapas dos processos seletivos e recebi muitos nãos)

Quando eu comecei a trabalhar eu queria trocar de carro e consegui (mas para isso, eu guardei muito dinheiro, abdiquei de coisas que queria, fiquei sem gastar)

Eu lembro que quando eu era Trainee queria terminar o programa para ser promovida e eu consegui. Fiquei entre os 3 sobreviventes do programa (mas para isso eu trabalhei muito, me esforcei, sofri e quase desisti)

 O que eu quero dizer é que nossa história (de sucesso) só e revelada quando as coisas já deram certo, escondendo todo esforço por trás disso (além dos fracassos que são escondidos, os nãos, os perrengues, os parênteses..).  A maioria das coisas que eu quis, eu atingi. E até me emociono de lembrar o que eu queria e o que eu consegui. E não porque sou rica, mas sim por uma série de fatores e atitudes que eu tomei. 

Foca no que você quer, dê o primeiro passo e faça acontecer. Eu nunca parei pra ver se a grama do vizinho está mais verde. Sempre foquei nos meus sonhos, objetivos, faço metas no início do ano para realizar e ao ler no final fico muito feliz que tenha conseguido coisas que nem imaginaria. 

À maioria que me apoia, que se inspira, obrigada pelo carinho, pelas mensagens e por ler o blog.

PS: E só para constar, todas as viagens que eu fiz foi com o meu dinheiro, que juntei durante 7 anos trabalhando no mundo corporativo, inclusive a viagem ao Japão que fiz com a minha família, eu que paguei todos os meus custos e sei exatamente quanto gastei!

Ps 2: Obrigada Catraca Livre por compartilhar minha história. Apesar de alguns comentários levianos, o saldo foi bem positivo.

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Desejo muita paz de espírito no coração de todos! 
Beijos, PriKamoi

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16 respostas para “Uma breve discussão sobre vir de “família pobre ou rica””

  1. É triste ver comentários assim.
    Ter sucesso no Brasil é ser admirado por uns e invejado pela maioria.

    Infelizmente faz parte da nossa cultura e nem querem saber a sua luta pra conseguir fazer uma viagem ou comprar algo que sempre quis. Já existe um julgamento por parte das pessoas.

    O importante é que vc tem conhecimento do seu potencial e sabe que ler esse tipo de coisa faz parte da internet.

    Continue empreendendo e que tenha cada vez mais sucesso para nos mostrar mais lugares lindos pelo mundo.

    Abraços!
    Jonathan.
    Blog: denoveasseis.com

  2. Que história mais linda PriKamoi! Impossível transmitir em palavras esse sentimento avassalador que mistura emoção suave com uma tremenda excitação, de tanta vitalidade e poder pessoal que vc transmite.

    É exatamente o que venho ensinando há 25 anos com 100% de sucesso a todos que se aplicaram e comprometeram como vc fez. Simplesmente não tem erro.

    Sem exceção.

    Parabéns, minha querida! Sugiro que olhe sempre pra frente e pra cima. Quem se coloca abaixo é por escolha. Se for inconsciente, pior ainda. Se pedir ajuda, com prazer será resgatado. Se insistir na arrogância da baixa auto-estima, a derrota é certa.

    Se quiser entrar em contato, por favor, fique à vontade, será uma satisfação, tenho certeza.

    Um beijo carinhoso e um abraço cheio de ternura.

    Conte comigo – se é que vc. precisa 🙂

  3. Priscila, nao deveria nem se dar ao trabalho de tentar rebater ou explanar. Me espanta o julgamento de uma pessoa que nao conhecem. Li sua história no nomades tambem e achei linda. Bom que tens ciencia dos seus esforços e se orgulha disso, isso é o bastante para anular a energia negativa dos abutres do dedo podre que nao entendem a essencia do relato. So, let it go, e aproveite ainda mais suas viagens.

  4. Oi, Priscila!
    Fico feliz de ver que você tem a clareza necessária para compreender o motivo desse tipo de comentário e não se deixar abalar. De fato quem tem boca fala o que quer. A riqueza que você tem é outra. Força de vontade, alegria e amor pelo que está fazendo. Esta é a riqueza que movimenta as suas realizações. Tudo de bom para você!

  5. O que mais esperar de uma cultura de mediocridade e vitimização?

    Não tem nada de errado em ser o que você é e fazer o que você faz.

    Obrigado por compartilhar conosco essa parte tão fascinante da sua vida. Você é corajosa e determinada. É uma inspiração para todos.

    • Falou tudo, vitimização!!

      Vc é uma fonte de inspiração pra mim!
      Obrigada por me inspirar sempre 🙂

  6. Priscila,
    nunca fui a aluna mais esforçada da faculdade e depois de formada simplesmente abandonei a área. Seis anos depois decidi retornar e finalmente tirar minha carteira da OAB. Não foi fácil…para compensar meu péssimo CR e os anos de abandono da área tive que passar madrugadas e madrugadas estudando e finais de semana trancada em casa. Passei na primeira que prestei com 9 e alguma coisa. Depois disso tive que ouvir de uma pessoa que estava há anos tentando e não conseguia passar que para mim era muito fácil já que eu não tinha filhos (isso dito por uma pessoa que não trabalhava e que colocava o filho na escola a tarde e ia dormir até a hora de buscá-lo). Na época fiquei com raiva mas hoje nem ligo, afinal, tudo o que escolho fazer é pra melhorar MINHA vida e não faz diferença nenhuma o que as outras pessoas acham.
    Quando ler esse tipo de comentário, simplesmente complete-o: “Conseguiu fazer isso porque era rica DE FOCO E ESFORÇO”. Finja que foi isso que a pessoa quis dizer e simplesmente esqueceu de digitar!!! Rs
    Um grande beijo e muito sucesso!!!

  7. Esse é o tipo de pessoa que não tem a coragem de dar um passo sequer em direção aos próprios sonhos. Acha que uma vida muito melhor que a que elas vivem hoje é impossível. E de fato é! Porque o conformismo no qual elas vivem nunca deixará que elas prosperem em nada.
    Sou de família de classe média é tive o sonho de estudar numa universidade americana. Conclui o ensino médio em 2008 e só tentei uma vaga em uma universidade nos EUA em 2013. E mesmo as pessoas falando que pra mim não dava mais, eu fui em frente e consegui a vaga. Disseram que bolsa de estudo pra estudantes internacionais era muito difícil, fui em frente e a própria universidade em que fui aceito me concedeu mais de 60% to valor total dos custos anuais por todos os 4 anos que eu iria passar lá. Infelizmente não consegui cobrir o restante dos custos que faltava e não pude ir. Foi frustrante no início, mas hoje eu tenho a consciência de que é possível realizar sonhos e que se eu tivesse me esforçado mais talvez eu tivesse conseguido o restante do dinheiro e hoje estaria escrevendo esse comentário lá de Spokane, WA.
    Mas a vida segue e a gente não pode ficar se lamentando. Ainda tenho muitos sonhos pra viver. Dessa experiência carrego lições incríveis pra vida toda.
    Parabéns pelas suas conquistas, Priscila! Deus te abençoe!
    Abraço!

  8. Parabéns, Priscila, pela atitude na vida e a atitude de fazer esse post. É fácil julgar quando não se conhece, quando não olhamos na cada. É um dos grandes problemas nas redes sociais. Iniciativas, histórias como a sua são minha referência de vida. Parabéns, novamente.

  9. Flor, esquenta não. Tudo o que você conquistou foi mérito teu, você estudou e trabalhou muito pra isso.
    “Simples assim”. 🙂

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