Ter muitas opções às vezes faz com que você não tenha nada

Ter muitas opções às vezes faz com que você não tenha nada

Ter muitas opções nunca foi tão ruim assim. Hoje em dia temos muitas opções de tudo: desde notícias, redes socais, aplicativos, formas de comunicação, faculdades, cursos, profissões até pessoas. Pessoas. As pessoas estão ficando cada vez mais descartáveis. As pessoas estão cada vez mais substituíveis. Nunca terminamos casamentos e relacionamentos com tanta facilidade como nos dias de hoje.

Tem tanta forma de entretenimento que não temos tempo de responder uma mensagem, encontrar pessoalmente com algum amigo ou se esforçar para manter um relacionamento.

Nunca foi tão fácil conquistar alguém. Temos tinder, happen, instagram, fotos lindas nas redes sociais. Hoje em dia, uma curtida é uma piscada. Basta um comentário ou uma mensagenzinha para saber que está interessado. Tudo muito fácil, disponível, rápido e… passageiro. Para que ter um relacionamento sério, onde exige dedicação, empatia, comprometimento, se tem várias opções mais fáceis, sem dor de cabeça?

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No fundo, sabemos que, se não dá certo com uma pessoa, tem outra que pode lhe substituir. De forma leviana e supérflua, talvez, mas temos quem substituir. Sabemos que se não temos sexo durante o mês, temos outras formas de nos satisfazer. Se não tem um filme novo para assistir, tem milhares de seriados e vídeos no Youtube para ver.

Estamos na era onde tudo é descartável, insensível, indiferente. Não nos apegamos, pois não queremos mais ter as coisas, e sim, alugar, para depois devolver. Nunca nosso mundo teve tanta forma de comunicação à disposição, e, ironicamente, nunca fomos tão sozinhos.

Temos tudo, mas não temos tempo. Tempo para se dedicar, se envolver, responder uma mensagem, escutar o outro. Temos tantas redes sociais, mas não temos uma conversa boa com alguém, um relacionamento duradouro.

Temos medo de nos envolver, apaixonar e frustrar, portanto, somos frios, indiferentes, desumanos. Queremos ver quem gosta menos, quem se importa menos, quem precisa menos do outro. Quem se basta sozinho e não precisa de ninguém.

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Temos fotos e vídeos, mas não temos momentos verdadeiros e sorrisos sinceros. Temos curtidas, comentários e matches, mas não temos namorados, amor, carinho, cuidado.

Como diz o texto de Israel Sá, não é a distância que separa as pessoas, e sim a frieza, a falta de diálogo, a falta de atenção, a indiferença, o tanto faz. Afinal, sempre tem outra pessoa para substituir, ou alguma balada, viagem, amigo ou Netflix. Mas cuidado… Ao mesmo tempo que temos tudo, não temos nada.

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SOBRE MIM

Priscila Kamoi é formada em Administração e Marketing pela Baldwin Wallace University. Trabalhou durante 7 anos no mundo corporativo e após câncer, largou a carreira corporativa para ter uma vida com mais propósito, liberdade e felicidade. Viu o blog como uma forma de unir tudo o que ama: viajar, ler, escrever, fotografar, moda, comer, culturas e pessoas. Já teve seu olhar por 34 países até agora e possui mais de 100 roteiros de viagens.Viajante, empreendedora e nômade digital por opção SAIBA MAIS

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3 respostas para “Ter muitas opções às vezes faz com que você não tenha nada”

  1. Mudanças em ritmo alucinante, relacionamentos superficiais e descartáveis, individualismo e estruturas familiares arcaicas sendo desconstruídas hora após hora neste mundo globalizado. A sociedade dessa pós modernidade, agora e adiante, se apresenta com a liquidez que destrava sérios preconceitos enraizados, porém distancia o ser humano daquilo que lhe é mais caro: o próximo ser humano. Zygmunt Bauman, 92, é mesmo um gênio teórico da nossa contemporaneidade… Daqueles que vão demorar muito pra aparecer de novo. Obrigado pela reflexão, Pri. Boas festas!!!

  2. Oi Priscila, muito legal seu site, ao ler esta matéria em específico, lembrei-me imediatamente do livro Amor Líquido do sociólogo polonês Zygmut Bauman. Ao ler o comentário acima, do leitor Diogo, vejo que ele teve a mesma percepção. Realmente essa situação por você descrita é o que vivemos hoje, a mais pura e triste realidade.
    Erika.

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